Comprei a Veja no sábado pra ver o que o crítico da Vejinha havia escrito sobre a minha peça. Ok, isso aqui vai parecer discurso de ressentido, porque o cara me deu duas estrelas. De qualquer maneira, vou me colocar dizendo o seguinte: não acho que o meu texto é construído em cima de esteriótipos e nem acho que o elenco é irregular, conforme tava escrito. Pra mim, isso são duas grandes bobagens, então, desculpa falar, eu não posso levar muito à sério a opinião da Vejinha.
Ninguém precisa gostar da minha peça. Tenho certeza que é um texto que desperta amor e ódio dependendo de quem assiste e tudo bem, a vida é assim. A categoria dos jornalistas pode se sentir ofendida e talvez tenha sido esse o caso do crítico. Mas a peça não fala somente de jornalistas ou do mundo da televisão. É um texto sobre a opressão do mundo coorporativo, que sufoca o indivíduo em nome das metas e da produtividade. Eu sei do que estou falando, meu amigo: tô no olho do furacão como todo mundo que tem que pagar as contas. Escrevi "O Rei dos Urubus" porque pra mim é absolutamente necessário extravazar essa minha indignação incontida, procurando sempre ser muito honesto comigo mesmo em cada linha da minha dramaturgia. E acho um pouco chato ter que aceitar quietinho um argumento como "elenco irregular", mesmo porque acredito piamente que uma das grandes virtudes da montagem é o nosso trabalho de interpretação.
Talvez a avaliação da Vejinha atrapalhe um pouco a trajetória comercial da peça, já que pode criar uma certa resistência em quem consulta o guia. Paciência. Não vai ser por isso que a gente vai deixar de fazer o teatro que a gente acredita. E não vai ser por isso que a gente vai deixar de fazer a peça com a mesma paixão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário