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sábado, 2 de fevereiro de 2008

O dia em que o Zé salvou o cenário

Na minha imaginação, o Vitor ia conversar com uma empresa que faz banners e pedir a eles que nos dessem o apoio de oito banners de vinil. Um seria o do espetáculo. Os outros sete seriam com a padronagem que eu definisse para o fundo da cena.

A década de 70 tem umas coisas ducaralho! No site da Stockphoto eu encontrei uns padrões muito bacanas, que poderiam ser colocados num banner de lona vinílica recortada.

Além disso, descobri uma ilustração muito bacana do Norman Rockwell, que acabei não usando para nada, mas que para mim tinha muito a ver com o espírito da peça. Trata-se da "Fofoca" - (Gossip no original). Olha só que duca!

Eu pensava em criar algo que aglutinasse essas duas coisas. Mas o tempo foi passando e eu não conseguia resolver o Cândido em cena. O Vitão não tinha nenhuma resposta sobre o banner. E o nosso dinheiro só ia dar para fazer a caixa.

Pedi ajuda da Laura Reis, que já tinha me dado uma força com a cenografia de "Frio 36 e meio", do Arthur Belloni. Ela me mandou uns estudos, mas não era o que eu estava pensando. Se não rolasse a lona vinílica a gente teria que fazer stencil do padrão ou então fazer uma "operação 25 de março" para caçar algum tecido com padronagem interessante para a peça. Tudo isso em menos de um mês. Eu tava bem fudido!

Com o final do prazo para os apoios, me vi num mato sem cachorro até que o Zé Roberto mandou o e-mail com a arte para o cartaz da peça.

"É isso! Genial! É esse o padrão geométrico mais simples e mais significativo que eu preciso para a peça". Mandei um e-mail geral pedindo a aprovação do Lazzaratto e o cara achou que era isso mesmo.

"Ufa!". Depois de umas broncas do Vitão dizendo que eu não tinha que ficar pensando na grana que a gente ia gastar e sim que eu teria que resolver o cenário, chamei a galera num ensaio e perguntei se a gente poderia gastar um pouco a mais do que o que tinha sido previsto.

"Quanto?", perguntou o Gui com seu senso prático. "Uns R$ 500", respondi no chute. "Então tá bom, Jabá. Assim você resolve isso logo", arrematou a Glau.

Essas barras de calibragem servem para que a gente ajuste aquilo que estamos recebendo na nossa TV. A partir delas se ajusta BRILHO, CONTRASTE, SATURAÇÃO, NITIDEZ, CROMINÂNCIA, etc... Serve como um elemento comparativo. Acho que a peça serve para isso também. Para que a gente veja até onde pode ir a canalhice nesse jogo corporativo.

Imprensa é mais que isso, com toda certeza! O problema é que chegamos num ponto onde se acha que a imprensa é só isso: exploração da desgraça alheia.

Temos que recalibrar nosso conceito de imprensa com novas atitudes.

E digo mais: chegamos num ponto onde vender a sua força vital a troco de merda é o lugar comum. Vale tudo, desde que se pague bem...

Isso não tem que ser verdade.

Um comentário:

Zé Roberto disse...

Caro Jabá,

Fico muito feliz em ter contribuído dessa forma com a peça. Como eu disse ao Léo, quando o material é bom é inspirador para todos q se envolvem com ele. Gostei muito de como vc ampliou o significado da imagem, que qdo surgiu estava conectada apenas à idéia do "fora de sintonia", mas o cenceito de "re-calibrar" é muito bom. Parabéns e sucesso queridos! Abraços, Zé