Termina o espetáculo e a gente levanta para bater palmas. Não importa se a gente gostou ou não daquilo tudo. As palmas marcam o final da peça e pronto. Bateu palma, pode ir embora.
Por isso quando eu estou numa peça não vejo as palmas como indicativo de que a platéia gostou do que fizemos. Eu olho uma outra coisa: a sensação de maravilhamento. As pessoas demoram a sair do teatro. Ficam olhando para o palco, esperando que a gente apareça. Querendo entender como foi que aquilo tudo aconteceu.
Nós atores, quando vamos assistir a outros atores, subimos no palco depois da peça, entramos nos bastidores, vamos ao camarim e abraçamos o outro. Profanamos esse espaço sagrado, mas parece que temos alguma autoridade para isso.
Gente que não é de teatro não sobe no palco.
Parece que tem algum tipo de mágica ali.
Quando a mágica funciona, a gente fica olhando para o lugar onde ela aconteceu tentando entender qual o segredo daquilo tudo.
Isso é que é bonito.
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