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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Lavando roupa suja em público, ao vivo e em cores

O Rei dos Urubus retrata os bastidores de um programa de baixaria na TV

Beth Néspoli

Os integrantes da companhia teatral os Gansos convidaram Marcelo Lazzaratto para dirigir sua terceira criação, o espetáculo O Rei dos Urubus, que estréia hoje no Centro Cultural São Paulo. Quem viu, conhece o trabalho da trupe por meio dos espetáculos como O Crápula Redimido e Escombros.

Desta vez, o texto de Leonardo Cortez, que também atua junto com Djair Guilherme, Glaucia Libertini, Daniel Dottori e Guilherme Jorge trata de um tema difícil de ser abordado com a necessária contundência crítica: os bastidores de um programa de TV sensacionalista.

"É um risco que o autor assume e busca fugir dele exatamente não tendo o pudor de mergulhar fundo na degradação dos personagens", diz Lazzaratto. Ele elogia sobretudo a agilidade dos diálogos. ''A estrutura dramatúrgica da peça é vibrante, os diálogos bem encadeados, Leonardo tem talento para criar circunstância a partir do jogo de palavras, ele tem traquejo nesse aspecto.''

Mais do que mostrar em cena a exploração da ignorância e da miséria, comum nesses programas no estilo "mundo-cão", o autor põe em cena os jornalistas que os criam. "Mais que a televisão, a mim interessa falar de relações humanas, da falência de valores, da disputa no mundo corporativo que pode ser em qualquer empresa", diz Cortez.

Segundo ele, a peça tem até um tom futurista. "Não é o retrato fiel de uma redação de TV, mas se as coisas não mudarem vamos acabar assim, em disputas estúpidas, com conseqüências graves."

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