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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Cenário - O nascimento da mesa poltrona


A gente ainda estava lendo o texto com o Lazzaratto quando eu falei com o Léo que eu queria fazer o cenário. Ele não me falou nada, mas eu acho que ele ficou meio desconfiado que eu não soubesse nem por onde começar.

O Léo tinha razão nisso (se é que ele pensou isso). Eu não sabia mesmo!

Eu gostei da idéia de fazer algo inspirado na década de 70 e mesmo antes de a gente decidir se seria eu o cenógrafo, comecei a pesquisar o design da época, atrás de objetos que pudessem compor o estúdio de TV onde os personagens fazem o "Programa de Família". Achei umas coisas bem, bacanas na web e numa outra postagem eu compartilho com vocês essas fontes.

No primeiro ensaio no Espaço da Cia Elevador de Teatro Panorâmico o Lazzaratto tirou todas as cadeiras da cena da reunião. Ficou o palco vazio e aquela mesa no meio de tudo. Depois ele lançou a idéia de que a gente deveria se mover pelo espaço em linhas diagonais. Eu estava de fora da primeira cena e então comecei a rabiscar umas coisas, tentando entender visualmente o que ele estava propondo. No final do trabalho, o que eu comecei a enxergar era uma arena. Um ringue.

Quando o Lazzaratto optou por tirar as cadeiras, fiquei com a impressão mais forte de que aquela reunião estava por um fio. De que os caras não conseguiam se portar como uma reunião de pauta pede. E que isso era uma das razões pelas quais o programa estava indo para o brejo. Eles estavam lutando entre si, desesperados por uma solução.

No dia seguinte, marcamos a cena do Dorival Toledo e aí havia a clara necessidade de uma cadeira. O assento colocava o personagem numa situação de falso-conforto. O bicho ficava ali, acuado naquele objeto que "pedia" para que ele permanecesse ali. Eu ainda não tinha decorado a cena do Cândido, mas sabia que o copeiro também ficaria sentado naquele mesmo lugar. No final desse ensaio, eu e o Lazzaratto começamos a pensar que esse objeto central tinha que ser algo que num momento fosse mesa e depois virasse um assento.

Quem já viu outros cenários meus sabe que eu gosto muito de máquinas e que também penso em como a gente vai carregar as coisas todas quando precisar viajar. Também odeio gastar dinheiro e prefiro resolver as coisas de um jeito que todas essas variantes sejam contempladas. A idéia de um objeto só que tivesse duas (ou mais) funções me agradava muito, principalmente por causa disso.

Comecei a desenhar a mesa-poltrona, pensando primeiro a articulação que permitiria que o objeto fosse as duas coisas. Tentei alguma coisa vazada, menos sólida. Mas não gostei das soluções (se eu ainda tiver, coloco os esboços aqui mais tarde). Foi então que tive a idéia desse cubo com arestas arredondadas e me lembrei de uma guardanapeira que eu vi em algum lugar.

Mandei o desenho para o Vitão, da Núcleo Base, e pedi que ele orçasse a coisa toda com algum marceneiro.

Aí começou o sofrimento...

A verba que tínhamos previsto era de R$ 1.000 para o cenário inteiro. Recebemos orçamentos de R$ 3.000, R$ 2.400, R$ 1.200... E então chegamos no Matheus, que faria a coisa toda por R$ 1.000.

Mas isso era só a caixa...

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