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sábado, 18 de dezembro de 2010

Leonardo Cortez, indicado ao prêmio de melhor dramaturgia por "Rua do Medo"

Para a escolha dos indicados ao Prêmio CPT 2010 foram consideradas as indicações da sociedade civil, realizadas por e-mail até o dia 23/07/2010 para o 1º semestre, e até o dia 10/12/2010 para o 2º semestre, com a contribuição de uma comissão avaliadora formada por Alexandre Mate, Lizette Negreiros, Antônio Chapeu, Sérgio Roveri. A entrega do Prêmio está prevista para dia 7 de fevereiro de 2010, no Teatro Coletivo.

Confira abaixo os indicados do segundo semestre ao Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro 2010, e a lista final do primeiro semestre:

Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro

1 – Dramaturgia – Criação individual ou coletiva em espetáculo apresentado em sala convencional, rua ou espaço não convencional

1º Semestre

- Francisco Carlos: Namorados da catedral bêbada e Banana mecânica.

- Luís Alberto de Abreu: Em nome do pai / Um dia ouvi a Lua.

- Leonardo Moreira: Escuro

2º Semestre

- Antônio Rogério Toscano: Bielski

- Leonardo Cortez: Rua do Medo

- Zen Salles: Pororoca – Núcleo de Dramaturgia SESI – British Council.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Peça faz caricatura da insegurança da classe média com humor de primeira

O cômico espelhando o trágico. "Rua do Medo", espetáculo da Cia dos Gansos que faz caricatura da paranóia com a segurança na classe média brasileira, é uma inteligente tentativa de atualizar o potencial crítico da comédia de costumes.

O autor, o prolífico dramaturgo Leonardo Cortez, escreveu nos últimos sete anos cinco peças -três delas formam a "Trilogia Canalha", um núcleo de textos focado nos baixos padrões éticos dos brasileiros. Agora, se o lema principal da fábula é a insegurança pública, o tom tragicômico só vinga porque a encenação revela as entranhas de nossa corrosão ética.

Em uma situação dramática bem simples -uma reunião de moradores, interessados em aumentar seu aparato de segurança-, engendra-se uma sequência de ações que acabam gerando uma morte e desvendando as podridões dos personagens. Mesmo assim, prevalece o riso em meio a um olhar entre complacente e impiedoso às fragilidades humanas.

A encenação de Marcelo Lazzaratto inaugura uma nova fase na Cia. dos Gansos, quando um olhar de fora dialoga com o dramaturgo e ator protagonista. Ele limpa a cena de adereços e cenário naturalistas, dando espaço ao texto de Cortez e ao jogo dos atores com os personagens.

A cena que melhor realiza essa estratégia é a da apresentação pelo personagem do Capitão Tobias, dono de uma empresa de segurança, de um vídeo promocional. Os espectadores não veem nada e só ouvem o jingle comercial. É suficiente para combinar humor de primeira e economia de meios com eficácia.

Os atores trabalham na linha tênue que separa o caricatural do realismo. Nessa corda bamba todos se salvam, oscilando entre assumirem a natureza caricatural das criaturas que encarnam e acomodarem-se em um registro natural. Talvez essa oscilação reflita o próprio texto em sua ambição de pôr o dedo na ferida e divertir.

Criticar os hábitos e as fraquezas do seu tempo é a vocação da comédia. No caso desta dramaturgia, singular em meio à atual avalanche de humor rasteiro e aos projetos críticos que não se permitem a vera comicidade, é certo que honra a melhor tradição dos comediógrafos brasileiros. Despretensiosa no tema, mas aguda no teor crítico que alcança.

A Cia. dos Gansos, assumindo o projeto da sátira social implacável, tem muito ainda a oferecer, tanto quanto o talento de Cortez como poeta dramático.

Luis Fernando Ramos
(Crítico da Folha de SP)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Autor de "Rua do Medo" faz jus a antecessores ilustres da comédia

Temos bons dramaturgos habitando regularmente os teatros dos circuitos alternativos ou dos mais compromissados comercialmente. Um exemplo disso é a presença maciça de 10 autores conhecidos ( e reconhecidos) num espetáculo sugestivo já a partir do título, “Te Amo, São Paulo”, cartaz dos fins de semana no Teatro Folha. Este espaço conta com o apoio publicitário da empresa que lhe dá o nome. Resultado: a sala vive lotada e as temporadas são, com freqüência, prolongadas. Mas este caso é exceção: a maioria absoluta dos grupos e cias costuma ter dificuldade em divulgar na grande imprensa, falada ou escrita.

Assim, recentemente, bons espetáculos de autores novos (Camila Appel de “A Pantera”) ou um bissexto Hugo Possolo com “A Meia Hora de Abelardo” tiveram temporadas semi-anônimas, muito aquém do resultado artístico, pela mais absoluta impossibilidade de investimento publicitário. Resultado: autores talentosos, que no tempo dos “tijolinhos” dos jornais eram logo consagrados ficam patinando indefinidamente (salvo raros deles) no limbo dos “sem sem”(sem anúncio e sem chance).

Entenda, assim, porque tal circunstância nos faz apresentar a vocês, como novíssimo, um talento em plena maturação há mais de 10 anos: LEONARDO CORTEZ, que tem seus adeptos entre programadores culturais (SESI, SESC, CCSP), na classe teatral e continua injustamente preterido por setores da crítica teatral. Porém, pelo que se depreende do seu currículo, amado por onde passa com seus espetáculos.

“RUA DO MEDO” CATIVA PELO HUMOR FURIOSO

O que impressiona de pronto nesta farsa irresponsável à maneira do Nelson Rodrigues de “Viúva, porém Honesta”, é o domínio de Cortez da zombaria que seus descompassados personagens da classe média inspiram. Esse cartaz da pequena e simpática sala Paulo Emilio Sales Gomes, do Centro Cultural São Paulo ( ameaçada de morte iminente pelos descaminhos do poder público), faz jus aos méritos dos textos anteriores, “O Crápula Redimido”, “Escombros” e “O Rei dos Urubus”, que despertaram nosso respeito à pena de Leonardo Cortez.

Em 2003, com “O Crápula Redimido” (que vimos mais recentemente), o autor focou o mundo empresarial do ponto (torto) de vista do chefe supremo de todas as safadezas costumeiras em tal universo. Tinha uma vantagem adicional: Leonardo dirigindo e assumindo o protagonismo da peça com sua verve peculiaríssima para despertar o riso e também a repulsa simultânea do espectador.

“Escombros” serviu-nos como introdução ao mundo nada encantado de Cortez. Uma família desmorona literalmente à nossa frente, numa sátira ao mercado de trabalho e às suas regras implacáveis de exclusão. Um clima saturado pelo absurdo de Ionesco disfarçava o riso involuntário.

Já “O Rei dos Urubus” (2008) desvendou os bastidores sórdidos de um programa de televisão, com um furor de indignação bem a propósito. A ética dominava o verbo corteziano.

ESSES CONDÔMINOS!...
De uma corriqueira reunião de condôminos de uma rua “fechada” ( o que já começa por ser ilegal) o autor atrita em cena tipos hilários à beira do ridículo que deixam porejar a cada pensamento, palavra ou ação. Tudo para garantirem a própria sobrevivência no inóspito lugar. Dispensável sobrevivência, aliás, pelos baixos ou nulos valores éticos que carregam.

Os diálogos ágeis e cortantes estão a serviço de uma narrativa sem floreios literários, embora carregados de seiva humana. Característica que une involuntariamente o autor paulista ao universo carioca do pernambucano Nelson Rodrigues.

Mas muito contribui para o êxito da encenação a presença do diretor Marcelo Lazzaratto, formado ator também ao lado de Leonardo, pela ECA-USP. Sem maneirismos estéticos ególatras, Lazzaratto costuma experimentar com o mais absoluto respeito pelo público, o que, sabemos, é pouco praticado por estas sofridas bandas. Sua direção neste “Rua do Medo” prioriza o trabalho dos atores da Cia. Dos Gansos, todos agindo com deliciosa cumplicidade do jogo cênico: Glaucia Libertini, Kiko Bertholini, Daniel Dottori, Mariana Loureiro, Djair Guilherme e o próprio Leonardo como o tão sonhador quanto desajustado Capitão Tobias. Todos compõem seus tipos com histrionismo bem controlado, tornando-os verossímeis, humanos, fazendo-nos torcer para que ninguém realmente “saia mal”, salvação que vem – para todos? – na figura de Danielle De Donato, uma empregada sonsa, mas nem tanto...

Não deixem de conhecer Leonardo Cortez neste seu “Rua do Medo”, cujos textos fazem-no digno sucessor da extensa linhagem de seculares comediógrafos, desde Martins Penna. E do humor subjacente de nosso autor maior, Nelson Rodrigues, tão cultuado pelo encenador Antunes Filho.

AFONSO GENTIL
(Site Aplauso Brasil)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quando o teatro basta

Adoro risadas. Gosto tanto que ao longo da vida me esforcei para dar as minhas e para colaborar com as dos outros. Tenho especial carinho por quem tem a cara de pau de ajudar os outros na perigosa tarefa de rir.

Adoro todos os tipos de risadas, e em especial as gargalhadas. Mas existe um tipo de risada que merece a minha atenção e meu apreço, adoro quando consigo rir de mim mesmo. Quando dou uma bela risada de mim mesmo penso estar amadurecendo. O que é mentira, claro! Então, dou uma bela gargalhada de mim mesmo! O que eu gosto na risada é isso, ela se basta. Não tem razão de ser. Para mim, isto fica bem claro quando a minha risada é única numa sala silenciosa com pessoas muito concentradas. Elas sempre me olham com suas caras feias, o que só me deixa com mais vontade ainda de rir. Eu sempre achei muito engraçada uma pessoa muito séria. Depois descobri que na dupla tradicional de palhaços há o Branco e o Augusto. Muitas vezes, a seriedade dos palhaços Brancos é muito mais engraçada do que as trapalhadas dos Augustos. Estou falando do meu humor, é claro. Porque ninguém tem o mesmo humor. Nem mesmo a mesma pessoa tem o mesmo humor sempre. O humor muda, ainda bem!

E dar livre acesso ao humor cambiante é uma tarefa arriscada, principalmente em uma peça teatral. Tarefa assumida e cumprida por Léo Cortez no seu novo texto dramático "Rua do Medo". Tudo nesta montagem teatral permite o livre acesso de humor. E quando digo livre acesso me refiro ao amplo cardápio de sensações oferecidas ao espectador ao longo do espetáculo. É possível rir de tudo ou quase tudo do que está no palco. Mas a escolha é da platéia. E é isso que penso ser livre acesso.

Há tantos tipos de cenas cômicas. Há toda uma tradição de comédia presente nas palavras deste dramaturgo. Da piada mais sofisticada e ácida, ao humor medieval e grotesco. Quando fui assistir ao espetáculo no CCSP, em alguns poucos momentos, tive de encarar algumas caras feias na platéia. Para algumas pessoas as piadas eram assuntos sérios. Nestes casos o resultado já revelei. Hahahaahahhaha! Com todo o respeito aos muito sérios, a palhaçada é fundamental. E todo assunto sério é uma piada em potencial. Principalmente, quando é um convite para rir dos próprios mecanismos de defesa.

Quando fui embora percebi que o Léo é o dramaturgo da risada. Ele deve gostar de rir. Deve rir muito escrevendo. E na minha opinião, no texto dele o teatro se basta. Não precisa ser nada além do que é. Nossa......que coragem!

Paulo Renato Minati Panzeri
23/11/2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Diário de leituras: Rua do Medo - Leonardo Cortez - CCSP até 19 de dez...

Diário de leituras: Rua do Medo - Leonardo Cortez - CCSP até 19 de dez...: "Tudo era apenas uma brincadeira. A gente era criança. E o faz de conta acontecia em cada gesto. Nos brinquedos que fazíamos, nos jogos diver..."

Rua do Medo, no Blog da Lenise Pinheiro

Aqui algumas das fotos que a Lenise Pinheiro tirou do nosso espetáculo.












terça-feira, 19 de outubro de 2010

Rua do Medo


Cia dos Gansos, Centro Cultural São Paulo,
Leonardo Cortez e Rafael Cortez apresentam:

RUA DO MEDO
de Leonardo Cortez
direção de Marcelo Lazzaratto

Uma reunião de condomínio desencadeia comportamentos bestiais nos moradores apavorados diante de uma onda de assaltos.

Com:
Glaucia Libertini
Djair Guilherme
Danielle Di Donato
Leonardo Cortez
Mariana Loureiro
Kiko Bertholini
Daniel Dottori

De 11 de novembro
a 19 de dezembro

Quintas, Sextas e Sábados às 21hs
Domingos às 20hs

Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio
Rua Vergueiro, 1000 - Próximo ao Metrô Vergueiro
Fone: (11) 3397 4002

Ingressos: R$ 20,00
(Bilheteria aberta com duas horas de antecedência)

Possui estacionamento conveniado

terça-feira, 25 de maio de 2010

O Crápula Redimido - Espaço Parlapatões


"O Crápula Redimido"estreia dia 11 de junho no Espaço Parlapatões.
O espetáculo acontecerá todas as sexta-feiras, à meia-noite, até o dia 16 de julho.
O Espaço Parlapatões fica na Pça Franklin Roosevelt, 158 - Consolação,
Tel: (11) 3258-4449
Ingressos: R$ 30,00 (meia-entrada R$ 15,00)

terça-feira, 11 de maio de 2010

De volta pra estrada...

Depois de uma sequência de apresentações pela Grande São Paulo, a Cia dos Gansos cai na estrada novamente, para fechar o último mês do "Crápula Redimido" pelo projeto Viagem Teatral.

Dias 15 e 16, no Teatro do SESI Birigüi.
Sábado às 20h e Domingo às 19h.

terça-feira, 13 de abril de 2010

"O Crápula Redimido" na Grande SP

As apresentações dos dias 17 e 18, no Teatro do SESI de Osasco, foram canceladas devido a problemas elétricos no teatro.

Posteriormente, serão marcadas novas datas.

Aqueles que aguardavam os espetáculos na Grande SP, poderão assitir à peça "O Crápula Redimido" nos dias:

22 e 23 de abril: São Bernardo do Campo, às 19h.

24 e 25 de abril: Santo André (Sábado às 20h e Domingo às 19h).

1 e 2 de maio: Mauá (Sábado às 20h e Domingo às 19h).

Lembramos que a entrada é franca e os ingressos devem ser retirados com 1 hora de antecedência na bilheteria do teatro.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sobre "O Crápula Redimido"



Em “O Crápula Redimido” o caráter do brasileiro é colocado em cheque, numa tragicomédia que aponta as incoerências das convenções sociais, a selvageria do mundo corporativo e os sacrifícios éticos do homem moderno na busca pela estabilidade. Temos em cena, Getúlio Miranda, o clássico crápula capitalista, que se apóia num tortuoso discurso onde os sete pecados capitais são promovidos a molas propulsoras do desenvolvimento no mundo globalizado. O comportamento amoral de Getúlio promove em torno dele uma teia de explorados, tipos aparentemente frágeis, mas que no decorrer da trama revelam o lado escuro de suas personalidades. Assim, durante a sua saga, o Crápula Redimido percebe que foi passado pra trás por todos aqueles que ele julgava oprimir.

O espetáculo “O Crápula Redimido”, segunda montagem da Cia dos Gansos da Cooperativa Paulista de Teatro estreou em 18 de março de 2003 na Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo. Apoiada num texto que se comunica diretamente com a platéia, sem perder o caráter contestador, nas cinco semanas em que permaneceu em cartaz , a peça teve um público de aproximadamente duas mil pessoas, numa excelente média para uma temporada alternativa de meio de semana. No segundo semestre, o espetáculo foi selecionado para os Festivais Nacionais de Teatro de Pindamonhangaba e Florianópolis, acumulando doze indicações e cinco prêmios, dois dos quais destinados ao texto original de Leonardo Cortez. No ano seguinte, o espetáculo cumpriu temporada no Teatro Sérgio Cardoso.


A remontagem de O Crápula Redimido, com elenco reformulado e nova proposta cenográfica, foi destaque do repertório pelo caráter inovador da encenação, que redimensionou a força do texto e o trabalho dos intérpretes. A sonoplastia, executada ao vivo pelo ator, compositor, instrumentista e produtor musical Ricardo Corte Real apoiou-se no rock e no blues para ilustrar a saga do inescrupuloso empresário Getúlio Miranda na sua busca pela redenção.

A estréia da nova montagem aconteceu no dia 18 de setembro de 2009 na Sala Jardel Filho, no Centro Cultural São Paulo e nas três semanas que o espetáculo esteve em cartaz, ele foi assistido por aproximadamente 1500 pessoas.

Em 2010, "O Crápula Redimido foi selecionado para participar do projeto Viagem Teatral do SESI-SP, percorrendo 14 cidades do estado de São Paulo.
O elenco desta nova montagem é formado por Leonardo Cortez, Glaucia Libertini, Danielle di Donato, Kiko Bertholini, Claudia Tordatto e Rinaldo Aranha.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Trilogia Canalha e os dez anos da Cia dos Gansos

Em outubro do ano passado, revisei as três peças que iriam compor o livro Trilogia Canalha, lançado em dezembro de 2008. Comecei pela primeira que escrevi, O Crápula Redimido, que encenamos em 2003 e amparado pelos anos de estrada, me permiti a sensíveis ajustes no texto, incorporando novos diálogos e cortando aquilo que me parecia desnecessário para a narrativa. De quebra, mudei o final e terminei o trabalho pensando que seria ótimo ver o Crápula em cena novamente pra testar com o público o resultado dessas modificações. Estava estabelecido o ponto de partida que fomentou a idéia desse repertório: a possibilidade de revisitar a minha dramaturgia e a produção da Cia dos Gansos à luz da nossa maturidade acumulada.

Além disso, temos um fato emblemático: a Cia dos Gansos comemora dez anos em 2009, ainda fiel ao espírito que fomentou a sua fundação: a reunião de um grupo seleto de amigos que, em comum, possuem a mesma paixão pelo teatro e as mesma vontade de dar o seu testemunho indignado frente às imposições que assolam o homem na sociedade atual. Foram cinco montagens, dez temporadas em cartaz, dezenas de festivais e centenas de quilômetros percorridos em vans desconfortáveis, pra se apresentar ora em teatros magníficos, ora em galpões improvisados, sempre com a mesma raça e amor pelo ofício. Era preciso, enfim, realizar esse repertório, pelo grupo e pelo dramaturgo.

São três peças unidas pelo aspecto temático (a canalhice, suas causas e conseqüências), mas bastante distintas no aspecto formal: uma epopéia trágica que revela a saga de um anti-herói isento de escrúpulos (O Crápula Redimido), uma triste comédia de apartamento, com toques absurdos e alegóricos (Escombros) e uma tragicomédia ácida e desesperançada sobre a falência ética do mundo corporativo tendo como pano de fundo os bastidores de uma emissora decadente de televisão (O Rei dos Urubus). Textos que revelam de maneira escancarada a maior parte das minhas influências: Guarnieri, Nelson, Ibsen, Dias Gomes, Joe Orton, Durrenmatt, Vianinha. Autores cujos textos encenei como ator ou diretor em algum momento da minha vida e que me impregnaram daquilo que eu considero essencial no teatro: o estabelecimento de uma comunhão efetiva com a platéia na busca por uma obra que fomente a reflexão sobre a realidade dos nossos dias.

A Cia dos Gansos permitiu o aprimoramento dessa minha trajetória ainda recente como autor. Ver encenados os textos que nasceram na solidão do meu escritório representou a possibilidade de avaliação do que funciona e do que não funciona em cena, além de consolidar aquilo que acredito ser parte do meu caminho dentro do teatro. Sempre tentei ser o mais honesto possível na abordagem de temas que me afligem como cidadão e artista, extravasando minhas inquietações através do humor, o que nem sempre foi fácil. Escrevo minhas peças pensando também no prazer do intérprete diante do contato com um personagem consistente e envolvido em situações que, eu acredito, possuem alta teatralidade. Foi pensando especificamente na interpretação e no pensamento de alguns atores da Cia que determinados personagens foram construídos. Além disso, minhas conversas com a Eliana Fonseca, Glaucia Libertini, Frederico Foroni e Marcelo Lazzaratto fora fundamentais para a lapidação dessa obra. Enfim, como não agradecer imensamente aos atores, diretores, iluminadores e técnicos que, a cada espetáculo, compraram comigo essa briga cada vez mais hercúlea que é fazer o teatro que a gente acredita?

Fecha-se um ciclo na minha vida, abre-se outro pelos próximos dez anos. O pouporri de lembranças, diálogos e experiências certamente fomentará novos desafios pra mim e pra esse punhado de artistas que emprestaram seus talentos nesse exercício de resgate da nossa história. Estou felicíssimo por compartilhar com o público o repertório que revela o que fizemos no passado, enquanto planejamos com otimismo um futuro que vai ser o que a gente quiser.


Leonardo Cortez
- texto escrito em 2009 para o programa da Trilogia Canalha

Breve histórico da Cia dos Gansos

A Cia dos Gansos, grupo filiado à Cooperativa Paulista de Teatro completou em 2009 dez anos de existência, trazendo em seu currículo cinco montagens, diversas temporadas e prêmios em Festivais Nacionais de Teatro, além da participação no projeto PAC- Circulação e em quatro edições do Projeto Viagem Teatral do SESI.



Celebrando os dez anos de existência do Grupo, a Cia dos Gansos realizou entre os meses de setembro e novembro de 2009 no Centro Cultural São Paulo um repertório com os espetáculos “O Crápula Redimido”, “Escombros” e “O Rei dos Urubus”. As três peças de Leonardo Cortez foram encenadas entre os anos de 2003 e 2008 e foram publicadas no livro Trilogia Canalha, pela Editora Candombá. Cada peça ocupou a Sala Jardel Filho durante três finais de semana, em três pequenas temporadas que atraíram um público aproximado de 4000 pessoas.

terça-feira, 30 de março de 2010

Araraquara - dias 13 e 14 de março

Depois de excelentes apresentações e estadia maravilhosa...


A van quebrou, a chuva caiu, a luz acabou...






A volta foi longa... mas com histórias pra contar.

segunda-feira, 22 de março de 2010

"O Crápula Redimido" em Franca

Nos dias 6 e 7 de março, na cidade de Franca, começou a turnê do espetáculo "O Crápula Redimido" pelo projeto do SESI Viagem Teatral.








"O Crápula Redimido" - Viagem Teatral 2010 - SESI

A Cia dos Gansos foi selecionada para excursionar com o espetáculo "O Crápula Redimido" dentro do projeto Viagem Teatral do SESI.
Serão 3 meses de apresentações em diversas cidades do interior e Grande SP. É a quarta vez que o grupo participa deste projeto, que leva teatro de boa qualidade para o público gratuitamente.

APRESENTAÇÕES, SÁBADOS ÀS 20H E DOMINGOS ÀS 19H:

MARÇO:

6 E 7 - FRANCA

13 E 14 - ARARAQUARA

20 E 21 - RIO CLARO

27 E 28 - PIRACICABA

ABRIL:

3 E 4 - ITAPETININGA

10 E 11 - SOROCABA

17 E 18 - OSASCO

22 E 23 - (QUINTA E SEXTA-FEIRA) - SÃO BERNARDO DO CAMPO

24 E 25 - SANTO ANDRÉ

MAIO:

1 E 2 - MAUÁ

8 E 9 - SANTOS

15 E 16 - BIRIGÜI

22 E 23 - MARÍLIA

29 E 30 - SÃO JOSÉ DO RIO PRETO