Adoro risadas. Gosto tanto que ao longo da vida me esforcei para dar as minhas e para colaborar com as dos outros. Tenho especial carinho por quem tem a cara de pau de ajudar os outros na perigosa tarefa de rir.
Adoro todos os tipos de risadas, e em especial as gargalhadas. Mas existe um tipo de risada que merece a minha atenção e meu apreço, adoro quando consigo rir de mim mesmo. Quando dou uma bela risada de mim mesmo penso estar amadurecendo. O que é mentira, claro! Então, dou uma bela gargalhada de mim mesmo! O que eu gosto na risada é isso, ela se basta. Não tem razão de ser. Para mim, isto fica bem claro quando a minha risada é única numa sala silenciosa com pessoas muito concentradas. Elas sempre me olham com suas caras feias, o que só me deixa com mais vontade ainda de rir. Eu sempre achei muito engraçada uma pessoa muito séria. Depois descobri que na dupla tradicional de palhaços há o Branco e o Augusto. Muitas vezes, a seriedade dos palhaços Brancos é muito mais engraçada do que as trapalhadas dos Augustos. Estou falando do meu humor, é claro. Porque ninguém tem o mesmo humor. Nem mesmo a mesma pessoa tem o mesmo humor sempre. O humor muda, ainda bem!
E dar livre acesso ao humor cambiante é uma tarefa arriscada, principalmente em uma peça teatral. Tarefa assumida e cumprida por Léo Cortez no seu novo texto dramático "Rua do Medo". Tudo nesta montagem teatral permite o livre acesso de humor. E quando digo livre acesso me refiro ao amplo cardápio de sensações oferecidas ao espectador ao longo do espetáculo. É possível rir de tudo ou quase tudo do que está no palco. Mas a escolha é da platéia. E é isso que penso ser livre acesso.
Há tantos tipos de cenas cômicas. Há toda uma tradição de comédia presente nas palavras deste dramaturgo. Da piada mais sofisticada e ácida, ao humor medieval e grotesco. Quando fui assistir ao espetáculo no CCSP, em alguns poucos momentos, tive de encarar algumas caras feias na platéia. Para algumas pessoas as piadas eram assuntos sérios. Nestes casos o resultado já revelei. Hahahaahahhaha! Com todo o respeito aos muito sérios, a palhaçada é fundamental. E todo assunto sério é uma piada em potencial. Principalmente, quando é um convite para rir dos próprios mecanismos de defesa.
Quando fui embora percebi que o Léo é o dramaturgo da risada. Ele deve gostar de rir. Deve rir muito escrevendo. E na minha opinião, no texto dele o teatro se basta. Não precisa ser nada além do que é. Nossa......que coragem!
Paulo Renato Minati Panzeri
23/11/2010
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