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sexta-feira, 21 de março de 2008

Último Final de Semana

Estas são as últimas apresentações de "O rei dos urubus" no Centro Cultural São Paulo. Encerraremos a temporada no domingo, dia 23 de março.

Não perca!

Lucia Welt Comenta "O rei dos urubus",

Estando em São Paulo, assisti maravilhada e ao mesmo tempo estarrecida a peça de Leo Cortez, " O rei dos urubus", no Centro Cultural São Paulo. O impacto foi enorme. Este autor paulistano vem se notabilizando a cada nova criação sua, como um dramaturgo que expressa através de tragicomédias (como ele mesmo as classifica) a sua visão cáustica, sarcástica, irônica, e até mesmo trágica, da vida interna do universo corporativo das grandes cidades ( poderia se passar em qualquer grande cidade do mundo), e também da classe média decadente, envolvida no turbilhão de suas ambições frustradas e de seus pecados ocultos logo escancarados de maneira bombástica e escandalosa na mesma medida de sua hipocrisia e repressões. Ao dizer isso me reporto à sua peça anterior, 'Escombros", onde uma família burguesa implode por dentro, minada por seus crimes motivados por uma corrupção íntima que lhe é inerente na medida dos seus valores distorcidos por uma ambição desmedida e uma inveja que lhes corroe o caráter até não ser possivel mais ocultar a sua podridão, que literalmente explode em cena, demolindo as próprias paredes físicas de seu "lar doce lar". No final dessa comédia nada divina não sobra pedra sobre pedra, produzindo a necessária catarse no público, que sai aliviado mas com ainda os últimos reflexos do seu "riso de nervoso". Posso estar me excedendo na subjetividade mas, na ocasião notei, à saida, que o publico tem, se esgueirando para fora, dificuldade de se entreolhar, pois com olhos esquivos denunciava sua identificação íntima com esses mesmos pecados de sua alma burguesa.

Mas voltando a este notável "Rei dos Urubús", devo dizer que me espantei com o conhecimento intuitivo que este artista viceral tem do universo corporativo apodrecido do jornalismo sensacionalista, do tipo "mundo cão" de uma empresa de televisão, onde os jornalistas se entre-combatem e se destroem na corrida pelos melhores índices de audência, pelos quais são literalmente capazes de matar, ou pelo menos de destruir reputações, mas sobretudo de arrastar suas vítimas na lama de um um ridículo ou um patético constrangedor. Os personagens, nesta farsa trágica, adquirem dimensões arquetípicas, e nisso consiste a grandeza do autor, pois alternam posições definidas nesse tabuleiro de um jogo de paixões, histérico, em que a marca da neurose contemporânea da ambição profissional está muito bem expressa. O personagem título, acaba se revelando apenas no final da peça, pois aquele com quem o público identifica o epíteto sardônico ( "rei dos urubus") acaba se revelando uma das vítimas fatais desse embate interno nos bastidores (às vezes frente ao público na meta-linguagem do espetáculo, ou nas vísceras da tv em convulsão como que repleta de gases mefíticos, diante de nós, expectadores perplexos para aquém das cortinas, isto é, das câmeras).

Só me resta recomendar ao publico amante do bom teatro que não perca essa obra-prima contemporânea do nosso teatro, de um autor que vem acumulando merecidos prêmios e o aplauso da crítica a cada nova performance desta "Companhia dos Gansos", uma das raras compainhas estáveis de repertório próprio e autoral que os paulistanos podem desfrutar.

LUCIA WELT

SOBRE A PEÇA TEATRAL "O REI DOS URUBUS", DE LEO CORTEZ

Saí siderado da peça "O Rei dos Urubus" do dramaturgo e ator Leo Cortez que está sendo representada no Centro Cultural São Paulo.

A força dramática e a eficiência dramatúrgica do texto inusitado que descreve os bastidores, às vezes o próprio set televisivo em pleno ar ao vivo de um canal jornalístico de televisão em que os os protagonistas e os coadjuvantes ( se é que os há) são os próprios jornalistas imersos em sua paixão doentia comum: a do sucesso de audiência, os altos índices que perseguem numa verdadeira "briga de foice de elevador" (para reciclar uma expressão antiga). A verdadeira carnificina psicológica e verbal que eles empreendem no dia a dia de sua atividade em torno de um programa de cunho jornalístico sensacionalista sobre personagens reais de dramas do momento, sempre histórias patéticas de paixões clandestinas testemunhadas por personagens humildes, logo acuados, ameaçados pelos protagonistas do escândalo por um lado e pela verdadeira chantagem dos jornalistas por outro. Paralelamente os jornalistas duelam entre si nos bastidores do programa e às vezes no próprio programa em pleno ar, numa verdadeira meta-linguagem teatral, pela liderança do programa e o "prestígio" decorrente dessa posição na hierarquia jornalística, sempre abaixo, na verdade, de um poderoso chefão da empresa, a palavra final e o verdadeiro cérebro demoníaco por trás de tudo isso, e que no entanto não aparece senão por referência e citações, pois representa, no fundo, a propria idéia das força diabólica invisível e inacessível que manipula os cordéis da nossa sociedade. O personagem representado pelo ator e dramaturgo autor da peça, Leo Cortez, se sobressai pela pujança de sua atuação, na expressividade neurótica vociferante e gesticulante (na medida certa numa grande atuação). Ele nos faz recordar o ator Jack Nicholson em seus melhores momentos de personagens neuróticos. Faz lembrar também certos personagens de Nelson Rodrigues a quem aliás o dramaturgo Leo deve alguma coisa, no mínimo pela admiração que sua geração tem pelo genial Shakeaspeare tupiniquim, grande mestre da chamada carpintaria teatral, que aliás Leo Cortez maneja com surpreendente maturidade, embora seja autor jovem.

Como eu dizia, Leo Cortez como ator é hipnótico, não deixa nosso olhar desviar-se de sua atuação sarcástica e corrosiva, cheia de nuances que vão da vociferação paroxística aos trejeitos sutis da exaustão de si próprio. Também o ator Daniel Dottori que faz o sobrinho do chefão que aliás se revela ao final o verdadeiro "rei dos urubús", pois o personagem Robério encarnado pelo autor Leo passa surpreendentemente ao papel de vítima, morrendo no palco em plena apoplexia ( boa palavra antiga para o nossos atuais enfarte ou derrame).

Também devo ressaltar a atuação da única atriz na peça, Glaucia Libertini, que faz a jornalista apresentadora do nefasto programa, e que vestida com o característico mau gosto dessas peruas televisivas, está perfeita na sua desfaçatez e no seu "à vontade frente às cameras", mas que trai sua fragilidade ou vulnerabilidade nos bastidores dominados pelas feras masculinas, mais cínicas que ela, a diva do programa.

Quero pois parabenizar o diretor Marcelo Lazzaratto, os excelentes atores, e saudar Leo Cortez, esse excelente autor jovem do nosso teatro paulistano, que à frente de sua "Companhia dos Gansos" veio para ficar com seus textos de crítica social ácida, embora humorística, que como na sua fantástica peça anterior reduz a "Escombros" a edificação das construções burguesas sobre a areia de suas mentiras, preconceitos e veleidades.

GUILHERME DE FARIA
(Guilherme de Faria é artista plástico, escritor e poeta cordelista. Como editor lançou pelas suas artesanais Edições do Pavão Misterioso", prefaciou e ilustrou a poetisa gaúcha Alma Welt (vide Contos da Alma, editora Palavra&Gestos), na Livraria da Vila (da Alameda Lorena ) , na Livraria Cultura e no IMS (Instituto Moreira Salles).

quarta-feira, 19 de março de 2008

Scrap da Angel, para a Cia

Olha, como posso dizer??? Simplesmente fui ver a peça e virei mais uma fã dentre as muitas e muitos que voces estao cativando... quero dizer que adorei o espetáculo "o rei dos urubus" pois nao foi superficial ou apelativo como muitos que ja assisti, a crítica feita ao sensacionalismo é verdadeira, as cenas são super dinamicas, o texto criativíssimo e o elenco...putz... os cinco muito bons atores, amei todos sem distinção. Realmente um trabalho impar e que estou triste por só ir até a proxima semana, já assisti duas vezes e ainda quero assistir denovo!!

Gostaria de estar informada dos proximos trabalhos da Cia dos Gansos, quero acompanhar todos se possivel... gostei muito do trabalho de voces.

Parabens a todos, voces sao otimos!!! Um grande beijo.

Alguns Scraps sobre a peça

Transcrevemos o recado que o Danilo deixou para o Léo, na sua página do Orkut.

Cara:

Desculpa a liberdade, mas eu tinha que te escrever: to no primeiro ano de Comunicação e ter visto tua peça foi muito do caralho. A história é muito foda: puta texto, puta direção. Gosto pra caralho de teatro, mas é raro ver uma peça que eu goste de verdade. Já tinha visto outras peças do Marcelo Lazzaratto, mas essa é a melhor. Primeiro porque ele conseguiu fazer cada ator dar um show de interpretação. O cara que faz o Trombone e o Cândido quase me fez mijar de rir. Você com aquela coisa meio corcunda, a Solange, enfim, ta todo mundo bem! Aquele puto da Vejinha dizer que o elenco é irregular só mostra que a Vejinha é uma bosta de revista, pelo menos é o que eu acho. Bom, mas o que interessa é o Rei dos Urubus! Velho, você falou o que tava entalado na minha garganta e o engraçado é que você falou mostrando, o que eu quero dizer é que pra mim é bem mais legal quando eu vejo uma peça que me faz pensar e ainda me diverti pra caralho. E o final é genial,velho. O Valdemar entregando a canalhice do tio! Um soco no estômago. Tamo entrando agora nesse mercado e ta todo mundo ligado que a canalhice rola solta. Quero te dizer que vou acompanhar o trabalho da cia dos gansos e não vou perder nenhuma peça.Vocês são foda! Enfim, precisa te dizer essas coisas, porque saí meio eufórico do centro cultural. Parabéns cara,seu texto arrebenta.

Abraço

Danilo Santorini

Entrevista para a Web TV do CCSP

Aqui a entrevista que eu dei para o programa "Bastidores" da Web TV do Centro Cultural São Paulo. As imagens são da Carol Ribeiro e do Thiago Negro. A edição também é da Carol.

domingo, 16 de março de 2008

Matemática do afeto

Cheguei em casa ontem e comentei com a Clau sobre o nosso estudo orçamentário. A Clau, com um senso prático absurdo me disse o seguinte: "Ué, se vocês pararem para pensar, esses três mil são a quantia que a companhia teve que investir na peça".

Caralho!

E ela continuou: "Olha só, vocês montaram a peça com um puta diretor e um iluminador fudido e gastaram apenas três mil. As duas peças pagaram todos os profissionais envolvidos e a produção do espetáculo e vocês só vão investir na peça esses três mil que vocês estão chamando de prejuízo".

Se eu já não fosse casado com ela, casava agora mesmo...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Investimento de risco

Estamos a duas semanas do final da temporada e constatamos um rombo de três mil reais no caixa da companhia. Temos uma média de espectadores bastante satisfatória, uma temporada relativamente longa, não precisamos pagar nada ao CCSP... Mas mesmo assim, ainda fizemos um investimento bem alto para o nosso espetáculo.
Isso sem contar que a gente não recebe um centavo como atores e atriz da peça. E o Léo abriu mão da porcentagem dele como dramaturgo.
Se eu já não estivesse sofrendo ameaças da Telefonica, da NET e da Eletropaulo certamente teria abrido mão dos meus tostões pela criação do cenário, mas não pude. Tive que pedir um empréstimo para a família e ainda continuo sem arranjar nenhum fixo, de maneira que esses cobres me fariam falta.
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Léozão me liga agora a tarde encanado com a grana que o Vitão pedia para levar os projetos da peça pessoalmente em SESCs do interior. Fora os três contos que já devemos, ele ainda precisava de quase seis. Seria supimpa se tivéssemos isso. Também acho que levar o projeto nas mãos das pessoas implica numa relação diferente da que a gente estabelece à distância, mas o fato é que não temos mais nenhum centavo. Léo e Gui já falam em colocar mais uns cobres para pagar a impressão do projeto, que mandaremos via web ou sedex mesmo, porque não temos mais nenhum centavo para gastar com aluguel de carro, combustível e pedágio.
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Nessas horas é importante não ter o outro como adversário. Porque é aí que a coisa desanda. Eu tinha conversado com o Vitão e tinha ouvido o porquê ele considerava essa estratégia de levar pessoalmente os books da peça como uma coisa boa. Também tinha ouvido a Glau, que até agora não recebeu nenhum tostão, nem por "Escombros" nem por "O rei dos urubus". Ouvia o Léo com a mesma fé de sempre no projeto e o Gui fazendo as contas do quanto ainda faltava pagar e para quem... A gente discute e cada um apresenta a sua questão, mas a questão é saber que o outro está do seu lado e não contra você. Isso é a diferença entre uma Companhia de Teatro e um aglomerado de pessoas fazendo uma peça.
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Ainda tenho fé nesses caras e nessa mina! Estamos na merda, como sempre, mas eu ainda acredito no trabalho dessa gente. Na qualidade do que fazemos. Nesse e em todos os espetáculos que a gente fez e que a gente possa um dia vir a fazer. Agora eu não tenho nenhum puto para colocar nessa produção, mas se tudo correr bem, em maio terei uma grana legal e aí quem paga o Vitor sou eu.
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Três mil de cu é rola! Foda-se! Vamos fazer essas peças!
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A gente ainda está aprendendo o que é ser Companhia, e estamos vendo o quanto vale pagar por essa lição. Todos esperamos pagar nossas contas com esse trabalho que nos traz tanta alegria. Todos esperamos reconhecimento pelos nossos trabalhos. A questão é ver o quanto se pode investir. Em dinheiro, tempo, esforço e alegria.

quarta-feira, 5 de março de 2008

a primeira vez a gente nunca esquece

Faço aqui minha estréia em blogs. Nunca postei nada em minha vida. Graças à Cia. dos Gansos adentro nesse universo e também no das séries americanas de televisão, afinal, mesmo nos EUA ainda há vida inteligente e sensível, por incrível que isso possa parecer.

No mais quem ler essas palavras não deixe de assistir ao rei dos urubus, vale a pena (deles, é claro). As penas dos urubus são tonificantes além de fazerem cócegas, como todas as outras é importante dizer.
Bom como não tenho nada de importante para dizer agora fico por aqui. Quem sabe um dia aprendo a usar melhor esse veículo.


abraços

Lazzaratto

segunda-feira, 3 de março de 2008

Novas fotos do espetáculo

Aqui nesse link você confere as novas fotos do espetáculo "O rei dos urubus", que foram tiradas pela Claudia Pucci no espetáculo deste domingo, dia 2 de março de 2008.

Ao lado, Gláucia Libertini encana Solange Borges, a apresentadora do Programa de Família.

São as nossas últimas semanas.

Não Perca!