Em 2009 completou 10 anos de existência,levando aos palcos do Centro Cultural São Paulo a Trilogia Canalha. Ressalta as tragicomédias como ponto de apoio para sua pesquisa, trabalhando o humor e o sarcasmo para mostrar uma visão crítica da sociedade brasileira. Até 19 de dezembro, está em cartaz com o espetáculo "Rua do Medo", de Leonardo Cortez, e direção de Marcelo Lazzaratto no Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio, às quintas, sextas e sábados às 21hs e aos domingos às 20hs.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Viagem Teatral
Festival Ibero Americano
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Leonardo Cortez Indicado ao Prêmio Shell
Rua do Medo foi também um dos espetáculos selecionados para participar do Projeto Viagem Teatral SESI 2011 e a partir de março percorrerá 15 cidades do interior paulista em apresentações gratuitas.
sábado, 18 de dezembro de 2010
Leonardo Cortez, indicado ao prêmio de melhor dramaturgia por "Rua do Medo"
Para a escolha dos indicados ao Prêmio CPT 2010 foram consideradas as indicações da sociedade civil, realizadas por e-mail até o dia 23/07/2010 para o 1º semestre, e até o dia 10/12/2010 para o 2º semestre, com a contribuição de uma comissão avaliadora formada por Alexandre Mate, Lizette Negreiros, Antônio Chapeu, Sérgio Roveri. A entrega do Prêmio está prevista para dia 7 de fevereiro de 2010, no Teatro Coletivo.
Confira abaixo os indicados do segundo semestre ao Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro 2010, e a lista final do primeiro semestre:
Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro
1 – Dramaturgia – Criação individual ou coletiva em espetáculo apresentado em sala convencional, rua ou espaço não convencional
1º Semestre
- Francisco Carlos: Namorados da catedral bêbada e Banana mecânica.
- Luís Alberto de Abreu: Em nome do pai / Um dia ouvi a Lua.
- Leonardo Moreira: Escuro
2º Semestre
- Antônio Rogério Toscano: Bielski
- Leonardo Cortez: Rua do Medo
- Zen Salles: Pororoca – Núcleo de Dramaturgia SESI – British Council.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Peça faz caricatura da insegurança da classe média com humor de primeira
O autor, o prolífico dramaturgo Leonardo Cortez, escreveu nos últimos sete anos cinco peças -três delas formam a "Trilogia Canalha", um núcleo de textos focado nos baixos padrões éticos dos brasileiros. Agora, se o lema principal da fábula é a insegurança pública, o tom tragicômico só vinga porque a encenação revela as entranhas de nossa corrosão ética.
Em uma situação dramática bem simples -uma reunião de moradores, interessados em aumentar seu aparato de segurança-, engendra-se uma sequência de ações que acabam gerando uma morte e desvendando as podridões dos personagens. Mesmo assim, prevalece o riso em meio a um olhar entre complacente e impiedoso às fragilidades humanas.
A encenação de Marcelo Lazzaratto inaugura uma nova fase na Cia. dos Gansos, quando um olhar de fora dialoga com o dramaturgo e ator protagonista. Ele limpa a cena de adereços e cenário naturalistas, dando espaço ao texto de Cortez e ao jogo dos atores com os personagens.
A cena que melhor realiza essa estratégia é a da apresentação pelo personagem do Capitão Tobias, dono de uma empresa de segurança, de um vídeo promocional. Os espectadores não veem nada e só ouvem o jingle comercial. É suficiente para combinar humor de primeira e economia de meios com eficácia.
Os atores trabalham na linha tênue que separa o caricatural do realismo. Nessa corda bamba todos se salvam, oscilando entre assumirem a natureza caricatural das criaturas que encarnam e acomodarem-se em um registro natural. Talvez essa oscilação reflita o próprio texto em sua ambição de pôr o dedo na ferida e divertir.
Criticar os hábitos e as fraquezas do seu tempo é a vocação da comédia. No caso desta dramaturgia, singular em meio à atual avalanche de humor rasteiro e aos projetos críticos que não se permitem a vera comicidade, é certo que honra a melhor tradição dos comediógrafos brasileiros. Despretensiosa no tema, mas aguda no teor crítico que alcança.
A Cia. dos Gansos, assumindo o projeto da sátira social implacável, tem muito ainda a oferecer, tanto quanto o talento de Cortez como poeta dramático.
(Crítico da Folha de SP)
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Autor de "Rua do Medo" faz jus a antecessores ilustres da comédia
Assim, recentemente, bons espetáculos de autores novos (Camila Appel de “A Pantera”) ou um bissexto Hugo Possolo com “A Meia Hora de Abelardo” tiveram temporadas semi-anônimas, muito aquém do resultado artístico, pela mais absoluta impossibilidade de investimento publicitário. Resultado: autores talentosos, que no tempo dos “tijolinhos” dos jornais eram logo consagrados ficam patinando indefinidamente (salvo raros deles) no limbo dos “sem sem”(sem anúncio e sem chance).
Entenda, assim, porque tal circunstância nos faz apresentar a vocês, como novíssimo, um talento em plena maturação há mais de 10 anos: LEONARDO CORTEZ, que tem seus adeptos entre programadores culturais (SESI, SESC, CCSP), na classe teatral e continua injustamente preterido por setores da crítica teatral. Porém, pelo que se depreende do seu currículo, amado por onde passa com seus espetáculos.
“RUA DO MEDO” CATIVA PELO HUMOR FURIOSO
O que impressiona de pronto nesta farsa irresponsável à maneira do Nelson Rodrigues de “Viúva, porém Honesta”, é o domínio de Cortez da zombaria que seus descompassados personagens da classe média inspiram. Esse cartaz da pequena e simpática sala Paulo Emilio Sales Gomes, do Centro Cultural São Paulo ( ameaçada de morte iminente pelos descaminhos do poder público), faz jus aos méritos dos textos anteriores, “O Crápula Redimido”, “Escombros” e “O Rei dos Urubus”, que despertaram nosso respeito à pena de Leonardo Cortez.
Em 2003, com “O Crápula Redimido” (que vimos mais recentemente), o autor focou o mundo empresarial do ponto (torto) de vista do chefe supremo de todas as safadezas costumeiras em tal universo. Tinha uma vantagem adicional: Leonardo dirigindo e assumindo o protagonismo da peça com sua verve peculiaríssima para despertar o riso e também a repulsa simultânea do espectador.
“Escombros” serviu-nos como introdução ao mundo nada encantado de Cortez. Uma família desmorona literalmente à nossa frente, numa sátira ao mercado de trabalho e às suas regras implacáveis de exclusão. Um clima saturado pelo absurdo de Ionesco disfarçava o riso involuntário.
Já “O Rei dos Urubus” (2008) desvendou os bastidores sórdidos de um programa de televisão, com um furor de indignação bem a propósito. A ética dominava o verbo corteziano.
ESSES CONDÔMINOS!...
De uma corriqueira reunião de condôminos de uma rua “fechada” ( o que já começa por ser ilegal) o autor atrita em cena tipos hilários à beira do ridículo que deixam porejar a cada pensamento, palavra ou ação. Tudo para garantirem a própria sobrevivência no inóspito lugar. Dispensável sobrevivência, aliás, pelos baixos ou nulos valores éticos que carregam.
Os diálogos ágeis e cortantes estão a serviço de uma narrativa sem floreios literários, embora carregados de seiva humana. Característica que une involuntariamente o autor paulista ao universo carioca do pernambucano Nelson Rodrigues.
Mas muito contribui para o êxito da encenação a presença do diretor Marcelo Lazzaratto, formado ator também ao lado de Leonardo, pela ECA-USP. Sem maneirismos estéticos ególatras, Lazzaratto costuma experimentar com o mais absoluto respeito pelo público, o que, sabemos, é pouco praticado por estas sofridas bandas. Sua direção neste “Rua do Medo” prioriza o trabalho dos atores da Cia. Dos Gansos, todos agindo com deliciosa cumplicidade do jogo cênico: Glaucia Libertini, Kiko Bertholini, Daniel Dottori, Mariana Loureiro, Djair Guilherme e o próprio Leonardo como o tão sonhador quanto desajustado Capitão Tobias. Todos compõem seus tipos com histrionismo bem controlado, tornando-os verossímeis, humanos, fazendo-nos torcer para que ninguém realmente “saia mal”, salvação que vem – para todos? – na figura de Danielle De Donato, uma empregada sonsa, mas nem tanto...
Não deixem de conhecer Leonardo Cortez neste seu “Rua do Medo”, cujos textos fazem-no digno sucessor da extensa linhagem de seculares comediógrafos, desde Martins Penna. E do humor subjacente de nosso autor maior, Nelson Rodrigues, tão cultuado pelo encenador Antunes Filho.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Quando o teatro basta
Adoro todos os tipos de risadas, e em especial as gargalhadas. Mas existe um tipo de risada que merece a minha atenção e meu apreço, adoro quando consigo rir de mim mesmo. Quando dou uma bela risada de mim mesmo penso estar amadurecendo. O que é mentira, claro! Então, dou uma bela gargalhada de mim mesmo! O que eu gosto na risada é isso, ela se basta. Não tem razão de ser. Para mim, isto fica bem claro quando a minha risada é única numa sala silenciosa com pessoas muito concentradas. Elas sempre me olham com suas caras feias, o que só me deixa com mais vontade ainda de rir. Eu sempre achei muito engraçada uma pessoa muito séria. Depois descobri que na dupla tradicional de palhaços há o Branco e o Augusto. Muitas vezes, a seriedade dos palhaços Brancos é muito mais engraçada do que as trapalhadas dos Augustos. Estou falando do meu humor, é claro. Porque ninguém tem o mesmo humor. Nem mesmo a mesma pessoa tem o mesmo humor sempre. O humor muda, ainda bem!
E dar livre acesso ao humor cambiante é uma tarefa arriscada, principalmente em uma peça teatral. Tarefa assumida e cumprida por Léo Cortez no seu novo texto dramático "Rua do Medo". Tudo nesta montagem teatral permite o livre acesso de humor. E quando digo livre acesso me refiro ao amplo cardápio de sensações oferecidas ao espectador ao longo do espetáculo. É possível rir de tudo ou quase tudo do que está no palco. Mas a escolha é da platéia. E é isso que penso ser livre acesso.
Há tantos tipos de cenas cômicas. Há toda uma tradição de comédia presente nas palavras deste dramaturgo. Da piada mais sofisticada e ácida, ao humor medieval e grotesco. Quando fui assistir ao espetáculo no CCSP, em alguns poucos momentos, tive de encarar algumas caras feias na platéia. Para algumas pessoas as piadas eram assuntos sérios. Nestes casos o resultado já revelei. Hahahaahahhaha! Com todo o respeito aos muito sérios, a palhaçada é fundamental. E todo assunto sério é uma piada em potencial. Principalmente, quando é um convite para rir dos próprios mecanismos de defesa.
Quando fui embora percebi que o Léo é o dramaturgo da risada. Ele deve gostar de rir. Deve rir muito escrevendo. E na minha opinião, no texto dele o teatro se basta. Não precisa ser nada além do que é. Nossa......que coragem!
Paulo Renato Minati Panzeri
23/11/2010