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sábado, 25 de outubro de 2008

32º Feste de Pinda: Análise da peça “O Rei dos Urubus”, por Ademir Pereira

Penúltimo espetáculo apresentado, O REI DOS URUBUS, da Cia dos Gansos – São Paulo, trouxe a público a estória de funcionários de uma rede de televisão, cuja programação estava em baixa e que tenta se levantar a qualquer custo, expondo assim, a canalhice das pessoas envolvidas. O texto tem uma agilidade, um diálogo bem construído, de fácil entendimento. O elenco, de bons atores, propícia essa visão.

Optam por mostrar, já na primeira cena, que trata-se de personagens  de caráter  duvidoso. Expõem figuras nada confiáveis. Fica, praticamente estabelecido, desde o começo, que são pessoas capazes de qualquer atitude para alcançarem seus objetivos particulares. Aí, talvez, esteja o grande problema. Não há surpresas nas atitudes nojentas que surgem no decorrer da peça, afinal, já deixaram transparecer que são pessoas desse nível.

 E a platéia, uma vez ciente, direciona sua atenção, então, para "como se dará a sacanagem". Desaparecido o efeito surpresa, há um distanciamento da platéia, que de longe acompanha, com certo humor, os métodos sórdidos de ridicularização humana. Assim, o espetáculo não arrebata exatamente. Chega no entendimento e pára por aí.

A cenografia proposta, um ringue, fica difícil de ler. O fundo de palco (as cores de tela de TV) funcionam regularmente. A iluminação, sem muito desenho, não chega a atrapalhar. O ponto alto da peça é mesmo o texto e o belo trabalho dos atores.

Ademir Pereira é ator e diretor de Teatro e pelo segundo ano consecutivo escreve às análises das peças apresentadas na categoria Adulto no Feste (Festival de Teatro de Pindamonhangaba) para o Portal Agora Vale.

Um comentário:

Unknown disse...

Não quero confrontar negativamente um especialista, mas humildemente discordo, em alguns pontos, da análise acima. Assisti à peça 4 vezes (até agora) e uma das coisas mais marcantes (além do belo trabalho dos atores e do texto, como bem foi colocado) é o dinamismo com que a peça é conduzida mantendo a atenção dos espectadores, justamente porque os elementos não se esgotam no início. Podemos até perceber, logo no início, uma possível ambigüidade no caráter de um ou outro personagem, mas acredito que isso é o que cria a tensão/atenção que prende o público, sobrepondo o humor inteligente e a seriedade do tema e das situações particulares apresentadas.
Parabéns a todos pelo belo trabalho e pela constante energia com que conduzem o espetáculo!